sexta-feira, 30 de abril de 2010

Lembranças de Dona Ninha


Dona Ninha sempre aprendeu que na vida devemos criar momentos para ter belas lembranças no futuro. Ela sempre o fez muito bem. Procurava fazer o melhor, dizer o melhor, ser o melhor podia ser. Falhava, às vezes, mas quem não falha? Ela não aceitava errar. Era seu maior defeito, ou seria sua melhor qualidade? Ela queria ser e dar o melhor de si. Foi o que sempre fez, até quando não pôde mais.

Em algum momento de sua vida, ela cativou o senhor Mel.. seu nome não era mel.. sabe aqueles nomes complicados, que só sabe o pessoal do cartório e seus pais? Era o caso do Sr Mel.. seu nome ficou sendo mel, pra sempre.. Ele passava por algumas situações engraçadas ou às vezes sem graça, mas acabara acostumando e gostando do apelido, e então nome.
Dona Ninha adorava as brincadeiras que tinha condições de fazer com nome de seu amado.. afinal.. ele era o seu mel. Ela se divertia. Ele o fazia muito bem.

Ela tem saudades de seu perfume, da sua timidez, do jeito cativante que a cativou. Ela aprendeu com ele, e sabe que ensinou também. Momentos em que duas vidas foram vividas como uma, plenamente e com a pureza de uma criança. Eles se amavam e qualquer um que os conhecesse, de primeira, sabia que "nasceram um para o outro". Eles também sabiam. A conexão foi imediata. Conexão nem é palavra do vocabulário de Dona Ninha, mas enfim, é da era da tecnologia. Você entende, não é? Pois bem... Há muito tempo atrás, quando se conheceram, já sabiam que algo estava escrito. E que chegara a pessoa tão esperada. Ninguém precisou falar, apontar, indicar... Porque deveria ser assim, e assim foi.

O amor nasceu, acredito que naquele primeiro momento em que se viram. O amor nasceu, cresceu, floresceu. Brilhava e iluminava qualquer um ao seu redor. Invejava também, eu diria.
Sr Mel tocava violão, ela adorava ouvi-lo tocando, e cantando também! Ele sempre dizia que não cantava bem, ela sempre elogiava... era sua maior fã.
Um dia Sr Mel adoeceu. Dona Ninha quase adoeceu também. Na verdade, ela ficou doente também. Sentia as mesmas dores, e buscava a cura como se fosse pra si, ou algum ente querido cujo sangue era o mesmo que tinha nas veias. Mas era isso que sentia em relação ao Sr Mel. Para ela, o seu sangue, vinha do Sr Mel... era como se ela dependesse dele pra viver.. e ele dela. Como se fossem um só. Ele adoeceu, ela passava noites em claro em busca de solução para aquele doença, para aquele tormento. Ela não descansava até ver uma recuperação.. um sinal de evolução.

Passou, sozinha, por momentos difíceis, sem o apoio do Sr Mel, que bem não estava. Ela não suportava saber da sua doença, e era difícil aguentar o momento difícil pelo qual estava passando. E sem seu mel.. que sempre adoçou sua vida, e que sempre fez de qualquer dificuldade, algo mais fácil de lidar. Ela sempre soube o quanto ele a fazia bem. Ele a fazia sorrir.. e sorriso do seu mel, era o que mais a encatava. Ela não cansava de elogiar e de mostrar a todos como o sorriso mais perfeito... o sorriso do seu Mel.

Um dia, as coisas pioraram. Seu Mel adoeceu pra valer, e de repente, não quis mais ver Dona Ninha. Para sua tristeza, claro. Ela não aceitava, não entendia. E tentava lutar para ficar ao lado dele... Tudo em vão. Não conseguiu. E até hoje lamenta. Mas trás em seu coração lembranças de um sorriso, de um perfume, de uma timidez, de um talento, de um amor que não tem fim. Mas ela sabe, que no fundo do coração do Sr Mel, ela está presente, e sabe que ela conquistou um lugar que doença, que situações, que distância, que nada pode tirá-la de lá. Trás no meio de tudo isso uma esperança de ter o seu mel de novo, porque desde então, ela tenta ser feliz... mas a sua vida, nunca mais teve o mesmo sabor.